Oi! Voltei pra falar de uma fase não registrada aqui no blog. Na verdade, em nenhum lugar. Antes mesmo do aborto que sofri em junho de 2014, desenvolvi a Sindrome do Pânico. Foi uma fase tão punk que não tenho nada registrado. Nem textos, vídeos, escritos…no máximo uma foto, mas nada se referindo ao que vivi naqueles dias.
Hoje, três anos depois da primeira crise, consigo ver o Pânico, como uma tremenda benção em minha vida. Por mais que tenha sido difícil, eu precisava passar por tudo aquilo.
Esse texto não tem a finalidade de diagnosticar ninguém. Não sou médica e nem profissional da saúde. Sou pastora e o que vou relatar tem ajudado algumas pessoas a se prevenirem dessas síndromes contemporâneas. Aqui, compartilho minha experiência com esse mal causado pela ansiedade, que assola nossa geração.
Eu sempre fui uma pessoa segura de mim mesma, forte, que corria atrás do que queria, porém, também era muito ansiosa, perfeccionista e imediatista. Passei por uma fase que me desgastou muito emocionalmente e não percebi isso acontecendo. Entrei no automático na rotina, tentando mudar ou melhorar o que era e até o que não era de responsabilidade minha.
Inúmeras vezes ensinei sobre ansiedade, mas eu mesma não percebia que era uma vítima dela. Meu corpo começou a sinalizar. Às vezes estava dirigindo e imaginava, do nada, alguém entrando na frente do carro. Ou estava andando na rua e pensava que alguém ia me empurrar para ser atropelada. Fazia uma oração e ficava por isso mesmo. Mal sabia que Deus me permitiria passar por um vale, onde finalmente, pararia e ouviria o que Ele precisava falar e mudar em mim.
Um belo dia, estava em um salão de beleza, e ao terminar o serviço, entrei no carro. Quando saímos, senti um formigamento da cabeça até as pontas dos pés: a sensação da morte. Meu esposo me levou até o hospital. Entrei direto na sala do médico, causando o maior alvoroço no local. Ali, após conferir todos os meus estímulos não achando nada de anormal, me deu um diagnóstico dizendo: “Você está tendo uma crise de ansiedade”.
No outro dia já fui ao psiquiatra e ali meus preconceitos começaram a se desfazer. Meu ‘controle’, orgulho e autoestima também. Tudo foi indo por água abaixo. Era o processo de desconstrução pelo qual eu precisava passar. Sempre cri que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Mesmo começando aquele processo, eu sabia que finalizaria em algum resultado positivo pra mim.
Iniciamos então uma medicação. Comecei a entender e analisar tudo o que exigia de mim mesma além do que eu podia oferecer. Comecei a desacelerar minha mente, dar tempo ao tempo. As crises ainda vinham fortes. Essa síndrome tem esse nome por uma causa: a sensação de medo é enorme! Medo de morrer, de sair, de engasgar, de dirigir. Elas vinham à tona, trazendo calafrios, palpitação (fiz vários exames no cardiologista para ter certeza que estava tudo bem), tremedeiras e a sensação da morte novamente. Tudo isso sem o mínimo sinal de perigo.
Vinham nas madrugadas, durante o dia, em casa, no shopping, no trânsito. Qualquer hora era hora!
Então, medicada e orientada, comecei a rever algumas coisas em minha vida, fatores que fazem com que uma grande parcela das pessoas sofram desses males. Antes de falar sobre a minha tomada de posição definitiva a respeito do pânico, quero falar de 3 peças que foram extremamente importantes para minha recuperação:
– Médico: Se você está passando pelo pânico, não se recuse a ir ao psiquiatra! Considero que foi o passo mais importante pra mim. Além da questão psicológica, também existe os fatores químicos do nosso organismo. Ele me explicou como o pânico acontecia no meu corpo, falou sobre as substâncias que faltavam. Fizemos check-up e descobri que a vitamina D (também responsável pela disposição e prazer) estava super em baixa. Falou da serotonina e me explicou sobre como estimular sua produção. Não cheguei a fazer terapia, mas às vezes é necessária, pra que você se entenda!
– Pessoas: No ínicio, procurei grupos no face pra conversar com quem já havia passado por isso. Mas daí, descobri que os que saíram do pânico não estavam mais lá! Nos grupos haviam pessoas que estavam aprisionadas a ele durante 8, 10 anos! Entrei, já saindo…se eu fosse ficar lendo aquelas histórias todos os dias, só iria me afundar. Decidi esperar.
E então, seis pessoas foram fundamentais pra meu tratamento, além da minha família.
Primeiro, meu esposo, que foi em todas as consultas comigo, entendeu o que se passava no meu corpo. Não achou que era frescura porque via como eu ficava desesperada nas crises. Aprendeu a me acalmar na hora das crises. Em segundo lugar duas amigas. Ana Lúcia, psicóloga que me deu um mega suporte emocional, e Rona, que é uma das pessoas mais amorosas e servas que eu conheço! Foram na minha casa inúmeras vezes…entravam no meu quarto escuro e me despertavam com um mimo e com papos edificantes, que me tiravam da zona do tratamento.
Juari e Ariana, amigos-irmãos. Anos antes ela havia passado pelo pânico. Era pra ela que Junim ligava enquanto dirigia para o hospital quando eu estava no meio de uma crise. Ela me ajudou a lidar com os meus pensamentos. Com ela eu aprendi que toda crise vinha, mas ia embora. “Mari, daqui 15 minutos você estará bem! Aguente firme, vai passar!”…”Mari, se for pra você morrer hoje, você vai morrer…mas não vai ser nessa crise, pode ter certeza!” … como ela foi abençoadora pra mim!
E ainda, o doutor Douglas. Pastor que sempre me recebeu tão bem em seu consultório. Uma das pessoas que mais me estimularam a vencer essa fase.
– Humildade: Abra mão de tudo que você pensa sobre você mesmo. Baixe a guarda. Reconheça o momento, seja paciente consigo mesmo. Pare o que der pra parar e se dê um tempo! Descobri que as coisas não dependem totalmente de mim para acontecerem.
Bom, além desses ‘fatores externos’ muitas mudanças ocorreram em minha vida pessoal.
-Estilo de vida: O pânico é o desequilíbrio de todas as coisas da sua vida. O médico explicou que a serotonina (substância responsável pela organização dos neurônios) era ‘produzida’ após 50 minutos de exercícios diários. Desde então, nunca mais deixei de fazê-los. Minha saúde deu um up! Minha disposição era outra. Minha aparência física mudou muito e o melhor: toda a adrenalina que meu corpo utilizava nas crises, eram descarregadas nas corridas ou outro exercício que eu fazia. Tornou-se obrigatório e hoje já é rotina!
-Alimentação: Mudei. Cafeína, chocolate, açúcar? Necas! Elas aumentam meu metabolismo e eu fico super acelerada. Mais ômega 3, frutas, carne branca. Menos farinha branca. Como com equilíbrio hoje.
-Limites: Confesso que ainda lido com isso todos os dias. Mas decidi estar mais atenta com os limites que o meu próprio corpo me coloca. Ser mais disciplinada quanto aos horários, ao que é prioridade e ao que não é.
-Confiança em Deus: Na verdade, deixei por último o mais importante. Eu acho que não teria lidado com o aborto da forma com a qual lidei se não tivesse passado pelo pânico antes. Foi quando passei a depender 100% da graça dele. Até então, ensinava muito bem sobre os princípios de Deus. Mas quando você prova na pele e precisa, mais do que nunca, aplicar, aí sim você aprende. Deixei ele me ensinar sobre o tempo, sobre meu potencial, mas também sobre a necessidade de dependência dele. Aprendi sobre equilíbrio. Sobre fazer a obra de Deus, mesmo no anonimato, e ser feliz e plena. Aprendi que investi e investirei em muitas pessoas, mas que nem todas estarão comigo para sempre. Aprendi, aprendi e aprendi. O deserto foi a minha melhor escola, o meu melhor seminário. Fui desconstruída, e construída novamente.
Tratei com remédios durante 8 meses. Fiquei boa 99,9%. Seis meses depois, tive outra crise. Mas, já sabia onde havia me perdido no caminho. Daí, em setembro de 2015, descobri que estava grávida da Olívia! Foi o motivo que encontrei para determinar minha cura em meu coração!
Hoje, tantos anos após essa fase, lido com o pânico, mas não mais de uma forma negativa. Sempre me lembro da seguinte passagem que o apóstolo Paulo escreveu:
O pânico é meu espinho na carne. Eu o tenho, mas ele não me tem! Há muito não tenho crises nem tomo mais remédios, vivo minha vida normalmente. Porém, quando começo a sair um pouco da linha em alguma das áreas da minha vida, lá no fundo eu sinto ela vindo e passo a me vigiar. O pânico me trouxe um auto-conhecimento enorme, ele me deu consciência dos meus limites, fortaleceu minha fé em Deus e sempre me lembro que a graça me basta, me alegro nas tribulações…pois quando sou fraco, é que sou forte! Graças a Deus por sua Palavra que sempre nos conduz em triunfo!
Se estiver passando pelo pânico saiba que, se eu consegui, você também consegue! Você pode voltar a dirigir, a sair sozinho. Você pode superar suas perdas. Deus é um refúgio bem presente na hora da na angústia! Me coloco à disposição pra ajudar com o que puder! Me mande um direct no instagram! Me acha lá, @eumariveiga .
Até mais!